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24 de setembro de 2019

Vídeo games : Nintendo completa 130 anos




Foto : Atoa na Net


Já exatos 130 anos, em um 23 de setembro como hoje, Fusajiro Yamauchi (1859 - 1940) fundou a Nintendo Koppai em Quioto, no Japão. "Koppai", em japonês, significa "cartas", e este era justamente o segmento seguido pela empresa antes de se tornar uma das gigantes na indústria dos videogames.

Nos primeiros anos, a Nintendo comercializava cartas "Hanafuda" (Cartas de Flores, em tradução livre). O jogo foi reconhecido pelo governo japonês como produto de entretenimento poucos anos antes. Até então, Hanafuda era uma das formas preferidas de apostas dos jogadores ilegais, e a legalização do jogo garantiu o sucesso da empresa.



Foto : Ign Brasil

A sede original da Nintendo em Quioto. Estima-se que a fotografia foi capturada em 1889, ano de fundação da empresa. Imagem: Creative Commons


Em 1929, o fundador Fusajiro passou o comando da Nintendo para o genro, Sekiryo Kaneda (que adotou o sobrenome Yamauchi). Sekiryo tocou o barco até 1949, quando sofreu um derrame e foi afastado da empresa. Ele passou a responsabilidade da companhia a seu neto (e bisneto de Fusajiro) Hiroshi Yamauchi, de 22 anos. O antecessor de Satoru Iwata estendeu os horizontes da Nintendo ao Ocidente, quando ele visitou os Estados Unidos e reuniu-se com representantes do United States Playing Card Company, maior empresa de cartas de baralho do país.

Relata-se que, com isto, Hiroshi percebeu a limitação empreendedora de cartas de baralho. Ele pagou pelas licenças de personagens da Disney na tentativa de alavancar as vendas ao aplicar estampas destes icônicos personagens ocidentais nas cartas da Nintendo.



Foto : Ign Brasil

Disney Hanafuda.


A partir de 1963, a empresa tomou um rumo minimamente estranho. A Nintendo começou uma empresa de táxis chamado Daiya, que obteve sucesso de início, mas foi vendida após alguns problemas com os sindicatos que encareciam a operação. A companhia também entrou no ramo de motéis, rede de TV, arroz instantâneo e outros.
Já em 1966, a Big N deu o primeiro passo em direção ao público que eventualmente conquistaria e marcaria. A empresa entrou no ramo de brinquedos com o Ultra Hand, um braço extensível projetado pelo engenheiro de manutenção Gunpei Yokoi, que logo tornaria-se um nome importante. Yokoi, já promovido a desenvolvedor de produtos, foi responsável pela criação de icônicos aparatos, como o Ultra Machine (precursor dos lançadores de bolas de beisebol), a série de games light gun Kousenjuu e o Love Tester (aparelho que media o amor entre duas pessoas, sendo o primeiro da história da empresa a utilizar componentes eletrônicos). 

Confira abaixo a bizarra propaganda do Love Tester:


Apesar do Love Tester ser o primeiro a ter componentes eletrônicos, a franquia Kousenjuu deu o ponta-pé que colocaria a Nintendo no mercado de games. Utilizando da mesma tecnologia dos jogos light gun, a empresa criou o Laser Clay Shooting System, que foi instalado em pistas de boliche abandonadas. Os simuladores de jogos light gun tiveram sucesso. Um dos produtos criados foi o Wild Gunman, que posteriormente foi portado para o NES (Nintendo Entertainment System). Eventualmente, o novo ramo começou a cair em detrimento devido aos altos custos, porém a Nintendo já tinha em mente aonde queria ir.
Em 1974, a companhia que ainda estava sob liderança de Hiroshi, adquiriu os direitos de distribuição do primeiro console de videogames, Magnavox Odyssey. Um ano depois, a Big N adentrou o negócio de games arcade com EVR Race e diversos outros títulos. Já em 1977, a Nintendo começou a produzir os próprios consoles, da série Color TV-Game. Cada um dos quatro modelos destes dispositivos continham variações de um único game.

Nesta época, o jovem estudante Shigeru Miyamoto foi contratado pela empresa. O homem que se tornaria um dos principais rostos da Nintendo era responsável por projetar os corpos dos consoles, e o primeiro no qual trabalhou foi o Color TV-Game Racing 112. Alguns anos depois, Miyamoto foi o designer de Donkey Kong (lançado em 1981), e com o sucesso comercial do game aliado a oportunidades de licenciamento com o do Atari 2600 e Intellivision, a Nintendo cresceu em rentabilidade e visibilidade. Curiosamente, neste mesmo game, temos um easter-egg do que se tornaria o mascote principal da empresa, Mario.


 

Foto : Ign Brasil

Mario em Donkey Kong (1981)


Em 1979, Yokoi desenvolveu um console portátil que tornaria-se o famigerado e clássico Game & Watch. A série de hardwares foi a progenitora do D-Pad que temos em controles até hoje, design que fora premiado posteriormente no Emmy de Tecnologia e Engenharia de 2006. Já em 1983, a empresa projetou o Famicom, que chegou ao Ocidente com mudanças estéticas em 1985 sob o nome NES (Nintendo Entertainment System), e carinhosamente apelidado de "Nintendinho" no Brasil.

Também em 1983, a Big N começou a criar laços com Satoru Iwata, que na época trabalhava na desenvolvedora HAL Laboratory e executou um projeto conjunto à empresa. Entre as contribuições do notável desenvolvedor estão a série Earthbound e Kirby. Dez anos depois, o estúdio passava por apertos financeiros e Hiroshi auxiliou na ascensão de Iwata à presidência da produtora, o que fez com que ela atingisse estabilidade financeira. Ele ajudou a companhia da família Yamauchi com a concepção de notáveis franquias como Super Smash Bros. e Pokémon e, em 2002, Iwata assumiu a presidência da Nintendo.
Voltando a 1988, Yokoi e sua equipe desenvolveram o Game Boy, console que mesclava o conceito de portabilidade do Game & Watch com a possibilidade de trocar de jogos por meio de fitas do NES. O clássico hardware portátil foi lançado em 1989, tanto no Japão quanto no Ocidente. No mesmo ano, a companhia anunciou o Super Famicom, conhecido como SNES (Super Nintendo Entertainment System). O console de mesa foi lançado no Japão em 1990, nos Estados Unidos em 1991 e na Europa em 1992, disputando diretamente com o Mega Drive, intitulado na América do Norte como SEGA Genesis -- tal disputa criaria o conceito de "console wars", que estende-se até os dias de hoje, agora com outras plataformas.


Foto : Ign Brasil

Super Nintendo Entertainment System


Já em 1993, a empresa anunciou um salto tecnológico com o Project Reality, que teria gráficos em 64-bits. Após uma série de complicações, a Nintendo adiou o projeto. Enquanto isso, a Big N lançou o Virtual Boy (1995), primeiro console capaz de reproduzir gráficos 3D por meio da técnica estereoscopia. O produto não teve bom desempenho comercial, mesmo sendo considerando um dos precursores dos jogos de Realidade Virtual (VR) com um headset com tela acoplada.

Apesar de já ter marcado gerações com os lançamentos citados acima, a Nintendo consagrou-se no mercado com o lançamento do Nintendo 64 em 1996, continuação do Project Reality adiado em 93. O console que trouxe gráficos 64-bits revolucionou em diversos aspectos além dos técnicos. Com a chegada de Zelda: Ocarina of Time, por exemplo, houve a definição da Mira Z, que possibilita travar a mira em um oponente fazendo com que a câmera gira ao redor do personagem -- tal técnica é utilizada até hoje em games de aventura 3D. O console é lar de aclamados títulos como Super Mario 64, GoldenEye 007, Banjo-Kazooie e tantos outros.

Em 1998, a empresa também lançou o Game Boy Color, sucessor do console portátil, o que contava com melhorias técnicas para rodar games do portátil anterior, bem como novos com a possibilidade de reproduzir cores. Os primeiros games da franquia Pokémon -- Red, Green (Japão), Blue e Yellow -- foram lançados para Game Boy Color, que também hospedou Zelda: Oracle of Seasons e Oracle of Ages.

Foto : Ign Brasil

Game Boy Color


2001 foi um ano em que a Nintendo reafirmou a presença no mercado, apesar de focar em melhorias técnicas e não necessariamente em inovações significativas. Neste ano, a empresa lançou o Game Boy Advance, novo portátil que dava sucessão ao Color, e o Nintendo GameCube, que falhou comercialmente ao tentar disputar com o soberano console de mesa PlayStation 2. Dois anos depois, a Big N também lançou o Game Boy Advance SP (2003), uma reformulação do console portátil lançado em 2001, porém com um design dobrável e tela com luz própria.

Deste ponto para frente começa a onda de inovações da Nintendo no mercado de games e, em parte, da tecnologia mundial. Em 2004, a Big N lançou o inovador Nintendo DS, quarto dispositivo portátil que trazia consigo um design dobrável (assim como o SP), porém com um grande diferencial: a tela inferior é touch screen. Ainda nos primórdios, a tela necessitava de um estímulo um pouco mais forte para reconhecer movimentos e, por isso, continha uma caneta stylus, que permitia que o usuário tocasse na tela sem usar os dedos e evitando danificar o aparelho. O console teve diversos games que utilizam prioritariamente desta função, como Nintendogs, Pokémon Ranger, e Imagine: Figure Skater. O aparelho teve boa recepção comercial e, em 2006, a empresa lançou o Nintendo DS Lite, uma versão menor e mais leve do console, com uma tela mais potente e bateria mais duradoura.




Foto : Ign Brasil


Nintendo DS


Vale apontar que, a esta altura, a Nintendo havia conquistado o público ocidental. Em meados de 2005, a empresa abriu a loja oficial Nintendo World Store em Nova York, que seria renomeada de Nintendo New York em 2016. No local é possível comprar produtos referentes à propriedades intelectuais da companhia, testar games e testemunhar um mini-museu histórico dos lançamentos da Big N.




Foto : Ign Brasil

Nintendo New York


Não cansada de inovar, a Nintendo lançou o Wii em 2006. Os principais atrativos e diferenciais do console de mesa eram controles e uma balança sensíveis a movimentos. Novas franquias de games encontraram lar no hardware, que inspirou desenvolvedores a criarem games focados no uso dos recursos de movimentação do aparelho. A revolução na forma de jogar aliada a jogos criativos tornaram o Wii o console mais vendido da sétima geração, a reacendendo o bem-estar nos cofres da empresa e no mercado de ações.



Foto : Ign Brasil

Nintendo Wii


Posteriormente, em 2008, o Japão conheceu o Nintendo DSi, uma nova versão do console portátil com maior poder de processamento, duas câmeras e uma loja online chamada de DSiWare. O aparelho foi distribuído mundialmente a partir de 2009.

O Nintendo 3DS foi lançamento portátil da companhia em 2011. Com técnicas de estereoscopia aplicadas a uma tela virtual, o aparelho conseguia reproduzir imagens 3D sem a necessidade de óculos. No dispositivo era possível regular o "quanto de 3D" o jogador queria experienciar, podendo até desabilitar a função que dava profundidade visual aos jogos. No ano seguinte, foi a vez do Wii U. Sucessor do Wii original, o console não foi recebido bem pelo público e crítica e não foi marcante em termos financeiros.

Em janeiro de 2015, os fãs brasileiros deram adeus à presença oficial da Nintendo no Brasil. A empresa anunciou que removeria as ações no país, mencionando os altos custos de importação e falta de operação local para produzir os produtos. Até hoje os fãs clamam pelo retorno da Big N ao Brasil e, apesar da companhia ter lançado a loja virtual do Switch no país e marcando presença na BGS 2019, ela não deu indícios de que voltaria para ficar.

No mesmo ano, em 11 de julho, o mercado de games e a Nintendo sofreram uma perda devastadora e insubstituível. Satoru Iwata, presidente da Nintendo desde 2002, morreu aos 55 anos devido a complicações por causa de um câncer de vias bilares. Para conferir a repercussão da morte do empresário na indústria de games, clique aqui. O icônico Iwata, responsável por idealizar o Nintendo DS e tantas outras propriedades da empresa, seria substituído temporariamente por Genyo Takeda e Shigeru Miyamoto, seu amigo de longa data. Para saber mais sobre a relação dos dois, confira o depoimento de Miyamoto sobre a saudade que sente do ex-colega de trabalho e amigo pessoal. Em setembro de 2015, o sucessor de Iwata foi definido: Tatsumi Kimishima.


 

Foto : Ign Brasil

Satoru Iwata e Shigeru Miyamoto


Em 2016, a empresa anunciou que lançaria um novo hardware em 2017, referindo-se a ele como projeto NX. Eventualmente, a companhia o revelou como o Nintendo Switch. O (mais uma vez) inovador console da empresa chegou ao mundo em março de 2017, trazendo um conceito simples, atrativo e híbrido. O console pode ser jogado de maneira portátil ou como um console tradicional de mesa. Com os controles Joy-Con acoplados ao hardware, o jogador pode usufruir do aparelho em qualquer lugar. Também é possível acoplar o dispositivo ao dock do sistema e retirar os Joy-Cons para jogar na televisão sem estar preso ao hardware propriamente dito.

O console foi bem recebido pelo público e pela crítica, apesar de contar com poucos games no lançamento. Ao longo dos anos e recebendo mais títulos, o Switch consagrou-se como um dos consoles mais vendidos da história, com exorbitantes 34 milhões de unidades. Além disto, o console superou as vendas do PS4 no Japão. 

O Switch conta com aclamados games como Super Mario Odyssey e Zelda: Breath of the Wild (este foi lançado originalmente para Wii U, porém teve um ótimo desempenho no console híbrido).


Top 15 Best Selling Video Game Consoles

Foto : Ign Brasil

Nintendo Switch


Recentemente, a empresa anunciou o Ring Fit Adventure, uma nova modalidade para o Switch que propõe estimular os jogadores a praticarem exercícios físicos de maneira "gamificada". O produto chega ao mercado em 18 de outubro de 2019. Para conhecer mais a respeito, confira nossa reportagem completa.

Estes são apenas alguns dos feitos da Nintendo ao longo dos 130 anos de história. A empresa marcou gerações com a visão de Iwata de fazer as pessoas "happy", ou seja, felizes. Embora ele não esteja mais aqui, a missão dele permanece intacta e o objetivo vem sendo cumprido.

Parabéns, Nintendo.


















Fonte : https://br.ign.com/nintendo/76888/news/nintendo-completa-130-anos

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