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1 de novembro de 2019

Vídeo games : Review - Death Stranding

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Foto : Screen Rant


Com uma forte pegada social, Death Stranding é o primeiro título de Hideo Kojima pós-Konami, que traz uma série de elementos inusitados

Death Stranding é sem dúvida um dos jogos (se não o jogo) mais esperados de 2019. A primeira produção de Hideo Kojima depois de sair da Konami deixou todo mundo com as expectativas na estratosfera, ainda mais por contar com um elenco estelar.
Claro, o desenvolvedor tem sua própria definição de "jogo" e ela pode não ser a mesma da maioria do público, mas mesmo com alguns defeitos, este é um título que vale a pena conferir pela curiosidade.

Foto : Meiobit / Sony


Laços e conexões

A história de Death Stranding (sem spoilers) se passa em um futuro próximo, onde um evento (o título do game) devastou por completo os Estados Unidos e até onde se sabe, o mundo inteiro. A explicação para isso é que todas as redes que conectavam as pessoas, da internet às estradas caíram, com os sobreviventes vivendo em cidades isoladas ou em abrigos.
Há uma série de elementos nesse novo mundo: uma chuva temporal, que deteriora tudo o que toca e que anuncia a presença das EPs, criaturas fantasmagóricas que transitam entre o mundo dos vivos e dos mortos, capazes de causar muito estrago. No meio disso tudo, há pessoas com dons especiais, capazes de se conectar à "Praia", um plano intermediário. Um desses é Sam Bridges (Norman Reedus).
Ele é um dos loucos o bastante para arriscar sua pele e trabalhar como "portador", fazendo entregas entre uma cidade e outra. Nesse ínterim, ele aceita (a contragosto) a missão de reunificar o país, algo que ele usa como pretexto para salvar Amelie (Emily O'Brien), filha de sua mãe de criação e presidente do que sobrou dos EUA, Bridget (Lindsay Wagner).

Sam tem como companheiro o enigmático BB, o bebê no jarro. Ele é uma espécie de ferramenta, capaz de detectar EPs e auxiliar o protagonista em sua missão de conectar o país inteiro e as pessoas, mas mesmo ele possui uma origem misteriosa, visto que ele "caiu no colo" de Sam. Claro, há desde aqueles que não estão tão interessados assim em reviver a América ou fazer parte dela, quanto os que farão de tudo para impedi-lo de cumprir seu objetivo.

"Se gostou, deixa um joinha"

Kojima define Death Stranding como um jogo do gênero "Strand" (cordão), que aqui tem o significado de "conexão". Estruturalmente ele é um título de ação, mas isso é algo que você não verá muito: o foco do jogo foi todo construído em torno de formar elos e conectar pessoas, tanto as cidades isoladas de uma América em frangalhos, quanto entre todos os jogadores.
Funciona assim: o jogo possui recursos online permanentes que embora não sejam essenciais, fazem toda a diferença na progressão. Isso vai desde placas de aviso a itens, veículos, armas e estruturas inteiras, que todos podem compartilhar com todos. O que você constrói nesse mundo, de estradas a caixas postais comunitárias ficam disponíveis online e todo mundo pode usar, ou colaborar com a construção ou melhorias.

Uma estrada, por exemplo, consome materiais a beça, mas todo mundo pode compartilhar com um pouco e concluir um trecho. Ao mesmo tempo, você encontrará espalhados pelo mapa itens perdidos tanto por NPCs, quanto por outros jogadores, e é interessante devolvê-los.
Sim, a principal mecânica do jogo é a de entregas, o que levou uma amiga a chamar Death Stranding, com base apenas nos trailers, de "simulador de carteiro". O curioso é que isso não está muito longe da verdade, você passará muito tempo indo de um lado a outro, carregando os mais diversos tipos de encomendas, de pequenas a grandes, de resistentes a frágeis.
O desafio do jogo é provido pelo cenário, com terrenos extremamente acidentados, os MULAs, basicamente ladrões de carga, a chuva temporal, que pode danificar a carga e os EPs. Atravessar um campo coalhado dessas criaturas é um teste para cardíaco™️, porque se você fizer muito barulho, você pode ser arrastado para uma batalha com um inimigo poderoso e se der azar, acabar destruindo uma parte considerável do mapa de forma permanente, além de perder boa parte de sua carga.

A motivação de Sam para fazer suas entregas, já que não existe dinheiro, é a de... curtidas. Dependendo do seu desempenho a cada entrega, você ganhará um número de "joinhas" baseados no tempo de entrega, quantidade de carga, dano e número de pessoas que você agradou, de NPCs a outros jogadores. Quanto mais curtidas, mais o seu ranking sobe e suas capacidades melhoram, como poder carregar mais carga, se cansar menos, receber mais curtidas e etc.
Ainda que Kojima esteja criticando a obsessão das pessoas por aprovação de hoje em dia, ele o fez transformando-o a alfinetada em uma mecânica social, que é necessária para o total aproveitamento do jogo.
O grande problema é que você vai ter que andar MUITO. Boa parte do terreno não suporta o uso de veículos e as distâncias são enormes, sem fundo musical (uma ou outra tocam de vez em quando, todas licenciadas pela Sony Music, mas que só podem ser ouvidas de novo no quarto privado) e poucos combates. Você não enfrenta os EPs na maioria das vezes, o mais inteligente é evita-los. O que você precisa ter em mente é: cuide bem de sua carga, não perca o equilíbrio e tenha paciência. Muita paciência.
Tecnicamente, Death Stranding é muito bom. A engine Decima da Kojima Productions, desenvolvida para o título consegue reproduzir com fidelidade os rostos dos atores reais, sem que eles pareçam bonecos de cera (veja Amelie, que tem a aparência de Lindsay Wagner quando jovem, dos tempos de A Mulher Biônica), enquanto os cenários são amplos, diversos e de muita qualidade, indo de planícies, paisagens devastadas, lagos, montanhas, cachoeiras e etc.
Na parte do som, além das músicas licenciadas existem alguns poucos temas, mas boa parte do jogo é curtida no silêncio. Talvez Kojima tenha feito deste um jogo que estimule o jogador mais a pensar e curtir a viagem, porque ele definitivamente não foi feito para quem está procurando ação.
Isso não é algo nem ruim nem bom, apenas... diferente.

Conclusão

Em seu primeiro voo solo, Hideo Kojima libertou todas as suas ideias mirabolantes e confusas que mantinha guardado em sua mente. Death Stranding é mais uma de suas "histórias interativas", experiências de jogo que focam bastante no enredo e que vez ou outra, entregam soluções de design interessantes. O problema é que japonês colocou tudo o que pôde em uma cesta só logo de cara.
A ideia de um mundo devastado por um evento que nem os personagens entendem por completo é se não original, ao menos incomum em videogames, e o time de estrelas no elenco, de Norman Reedus a Mads Mikkelsen e participações de Lindsay Wagner (em dose dupla) e Guillermo del Toro (que só emprestou o rosto; depois do papelão Silent Hills ele jurou, e vem cumprindo, nunca mais se envolver com games) reforça a qualidade da narrativa.
Na parte da jogabilidade, entretanto, Death Stranding é bem parado em alguns momentos. Os confrontos são raros e as distâncias a serem cobertas são enormes, muitas vezes o obrigando a ir a pé mesmo, pelo terreno não permitir o uso de veículos. No entanto, essas adversidades podem ser superadas não com o esforço individual, mas com a cooperação mútua de todos os jogadores, compartilhando itens, armas, veículos e construindo juntos instalações e estradas.
De certa forma, Death Stranding é uma experiência social que critica muito do comportamento atual da sociedade (o vício em aprovação na internet), mas usa as "curtidas" como uma ferramenta para não incentivar o isolacionismo. Aqui você não é ninguém sozinho, e terá que conectar não só o país, mas se conectar a outros na vida real para prosseguir em sua missão.
No fim, Kojima entregou um "jogo" contemplativo e filosófico, que força o jogador a ser uma criatura sociável; para quem procura ação desenfreada, é melhor procurar outro título.


Death Stranding — Ficha Técnica

  • Plataforma — PS4, Windows (em 2020);
  • Desenvolvedora — Kojima Productions (PS4), 505 Games (Windows);
  • Distribuidora — Sony Interactive Entertainment;
  • Preço — R$ 249,00 (PS4);
  • Classificação Indicativa — 16 anos.
Pontos Fortes
  • Visual fantástico;
  • Elenco de primeira linha;
  • Decisões de design inusitadas.
Pontos Fracos
  • Poucos momentos de ação;
  • É difícil classificar a "experiência social" de Hideo Kojima como um jogo.









Fonte : https://meiobit.com/413940/death-stranding-review/

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