18 de outubro de 2023

Em uma entrevista ao podcast NerdBunker, um representante da SNK, Nicolas Gonzalez, explicou a popularidade de King of Fighters no Brasil.

 



Foto :  BGS


King of Fighters é um jogo muito popular no Brasil, especialmente na era dos fliperamas. O jogo foi impulsionado pela pirataria e pelo baixo custo, o que o tornou acessível a um grande número de jogadores.

O resultado dessa popularidade pode ser sentido até hoje. Há toda uma geração de gamers brasileiros nostálgicos por King of Fighters, e uma cena competitiva forte.

Durante a Brasil Game Show 2023, o NerdBunker conversou com Nicolas Gonzalez, representante da Divisão de Negócios Ocidentais da SNK. Gonzalez explicou que King of Fighters é popular no Brasil por vários fatores, incluindo:

  • Pirataria: A pirataria tornou o jogo acessível a um grande número de jogadores.
  • Baixo custo: O jogo era relativamente barato, o que o tornava acessível a um grande número de jogadores.
  • Acessibilidade: O jogo é relativamente fácil de aprender, o que o torna acessível a jogadores de todos os níveis de habilidade.
  • Personagens carismáticos: O jogo conta com uma grande variedade de personagens carismáticos, o que o torna atraente para jogadores de todas as idades.

Gonzalez também falou sobre os desafios no crescimento dos jogos de luta. Ele acredita que os jogos de luta são um gênero complexo e difícil de aprender, o que pode dificultar a atração de novos jogadores.

Gonzalez também acredita que os jogos de luta precisam ser mais acessíveis para jogadores de todos os níveis de habilidade. Ele defende que os jogos de luta devem oferecer opções de controles simplificados e tutoriais compreensivos para tornar os jogos mais fáceis de aprender.

Gonzalez é um representante da SNK que conhece a realidade do cenário de jogos de luta na América Latina. Ele é uma voz importante para o gênero e suas opiniões são valiosas para o crescimento dos jogos de luta.


Sangue latino

Nicolas Gonzalez é um representante da SNK que não se prende ao corporativismo. Ele é um profissional que conhece a realidade da região e está disposto a falar a verdade, mesmo que isso possa ser controverso.

Gonzalez nasceu em Santiago do Chile e, como você disse, viajou o mundo como pro player de Marvel vs. Capcom 3 sob o nome de Kane Blueriver. Essa experiência lhe deu uma perspectiva única sobre o cenário de jogos de luta na América Latina.

Gonzalez declarou na lata que a pirataria foi um fator determinante para que os jogos da SNK se tornassem populares em países da América Latina, como o Brasil. Essa declaração é controversa, pois alguns podem argumentar que ela é uma desculpa para a pirataria. No entanto, Gonzalez está apenas sendo honesto sobre a realidade da situação.

Na América Latina, os jogos de luta são um gênero muito popular. No entanto, os jogos de luta geralmente são caros. Isso pode dificultar o acesso aos jogos para jogadores de baixa renda. A pirataria tornou os jogos de luta mais acessíveis a um grande número de jogadores na América Latina.

Gonzalez reconhece que a pirataria é um problema. No entanto, ele também acredita que a pirataria foi um fator positivo para o crescimento do gênero de jogos de luta na América Latina. A pirataria ajudou a criar uma grande base de jogadores para os jogos de luta, o que, por sua vez, levou ao crescimento da cena competitiva.

A declaração de Gonzalez é um sinal de que a SNK está comprometida em entender a realidade da região e em atender às necessidades dos jogadores latino-americanos. A empresa está trabalhando para tornar seus jogos mais acessíveis aos jogadores latino-americanos, oferecendo preços mais baixos e opções de pagamento mais flexíveis.

É importante notar que a declaração de Gonzalez não é uma desculpa para a pirataria. A pirataria é um problema que deve ser resolvido. No entanto, a declaração de Gonzalez é um passo na direção certa. Ela mostra que a SNK está disposta a trabalhar com os jogadores latino-americanos para encontrar uma solução para o problema da pirataria.

Se você quiser voltar bastante, na época dos arcades, os jogos tinham visuais muito chamativos e personagens descolados, mas sinto que o que popularizou os jogos da SNK foi que eram os jogos mais baratos para comprar nos fliperamas. Eram fáceis de piratear nos anos 1990, logo, era mais barato para os donos de arcade. 

King of Fighters, em particular, tinha o benefício de que uma única ficha permitia até três jogadores. Pessoas de origens mais humildes não tinham consoles caseiros, então você tinha que fazer toda ficha valer. Um jeito era dividir entre três pessoas, já que em KoF cada pessoa poderia jogar como um personagem do trio. Esses dois fatores foram essenciais para a popularização dos jogos da SNK, especialmente de KoF, na América Latina durante os anos 1990.

Claro que questões econômicas não são a única razão pelo sucesso dos jogos da SNK, mas precisam ser levadas em conta quando se tratam de territórios onde videogames não são tão acessíveis. Além do acesso aos jogos, a cultura dos países também influencia quais títulos fazem sucesso e a forma como as pessoas competem entre si.

Sempre tem muito a ver com a cultura local”, explica Gonzalez. “A cena do Peru, Brasil e México são muito parecidas porque as culturas desses países também são similares. O mesmo vale para o Chile e a Argentina, que são culturalmente parecidos, e a região como um todo é muito diferente dos Estados Unidos e do Canadá.

Impulsionado pela pirataria e pelo baixo custo, King of Fighters se alastrou pela região, e o resultado pode ser sentido até hoje. Há toda uma geração de gamers nostálgicos por games como King of Fighters 98, e uma cena competitiva estrelada por jogadores que cresceram gastando fichas por todo o Brasil, dos arcades aos botecos e vendinhas.

Agora, décadas depois, o país até vai virar cenário para uma etapa do campeonato oficial de King of Fighters XV, que acontecerá em São Paulo entre os dias 24 26 de novembro. Para Gonzalez, o apoio da SNK é apenas reflexo de uma das comunidades mais engajadas da franquia:

O Brasil tem sido reconhecido globalmente como um dos carros-chefe de King of Fighters. Acredito que não haverá apenas competidores daqui como de vários países vizinhos. Faz tempo que não havia uma competição que atraísse gente da região toda para vir aqui e disputar um grande prêmio. Vai ser bem interessante ver porque é a primeira grande competição desde a pandemia, então é uma boa oportunidade de demonstrar os jogadores habilidosos que temos por aqui. 

Sei bem como é uma bênção ter a chance de viajar e competir com gente de regiões muito diferentes. Já aconteceu comigo em certo momento, lutando e eventualmente dando meu melhor para ganhar passagens para viajar e competir. Foi assim que comecei minha carreira, então sei o quão importante é. Estou animado para ver como será o torneio. Seja lá quem acabe ganhando, farei tudo ao meu alcance para garantir que a pessoa consiga chegar ao torneio final.

Luta global

Disputando Marvel vs. CapcomTekken e, claro, King of Fighters, Nicolas Gonzalez já viajou pela América Latina, Estados Unidos e até Japão, além de conhecer vários outros países asiáticos. Assim, teve contato em primeira mão com a cultura de jogos de luta do mundo todo e pode fazer um comparativo direto das semelhanças e diferenças entre regiões.

A paixão é em comum, mas toda região tem uma forma diferente de manifestar”, garantiu o representante. Segundo ele, regras, estilos de jogo e até preferências de título variam bastante entre regiões — e até entre cidades dentro do mesmo país.

Na América Latina, as pessoas querem ganhar a qualquer custo, então jogam de forma mais agressiva e usam tudo ao alcance”, explicou. “No KoF 2002, eram sempre os personagens apelões, seja aqui ou no México. Todos querem vencer mesmo quando não há nada em jogo.

O crescimento dos eSports e das premiações em dinheiro está afetando a forma como as competições de jogos de luta são realizadas.

Antigamente, as competições de jogos de luta eram realizadas de forma mais informal. Os jogadores se reuniam em locais como fliperamas ou casas de amigos para competir.

Com o crescimento dos eSports, as competições de jogos de luta estão se tornando mais profissionais. Os torneios são realizados em locais maiores e com mais estrutura, e as premiações em dinheiro são maiores.

Essa mudança está levando a uma padronização das competições de jogos de luta. Os torneios estão adotando regras e formatos mais uniformes, a fim de garantir a integridade do jogo e a equidade dos participantes.

Gonzalez, o representante da SNK, explica que essa mudança é necessária para proteger os jogadores e as organizações envolvidas. Com grandes recompensas em jogo, é importante garantir que as competições sejam justas e transparentes.

Aqui estão algumas das mudanças que estão sendo feitas nas competições de jogos de luta:

  • Regras mais uniformes: As regras e os formatos dos torneios estão se tornando mais uniformes, a fim de garantir a equidade dos participantes.
  • Mais fiscalização: As competições estão sendo mais fiscalizadas, a fim de evitar trapaças e outras irregularidades.
  • Mais segurança: As competições estão sendo realizadas em locais mais seguros, a fim de proteger os jogadores e o público.

Essas mudanças estão ajudando a tornar as competições de jogos de luta mais profissionais e seguras. Isso está contribuindo para o crescimento do gênero e para a atração de novos jogadores e espectadores.:

No Japão, onde eSports são uma coisa muito recente, eles jogavam KoF competitivo usando os personagens que eles queriam mesmo. As equipes, geralmente, eram um personagem mais forte, outro do interesse do jogador e um terceiro fixo, que servia como uma marca registrada do competidor. 

Isso só foi mudar recentemente com a chegada dos eSports, até porque antes não era permitido competições com prêmio em dinheiro no Japão, ia contra a lei anti-apostas de lá. Os prêmios eram tipo um jantar em uma churrascaria, pacotes de arroz e bonecos de anime, algo do tipo. Agora que há dinheiro na parada, todos jogam das formas mais seguras.

A cena competitiva de jogos de luta divide espaço com a paixão nostálgica em muitos lugares.

Na América Latina, por exemplo, a cena competitiva de jogos de luta é forte, mas a paixão nostálgica também é grande. Muitos jogadores brasileiros e latino-americanos cresceram jogando jogos de luta nos fliperamas, e essa nostalgia ainda é forte.

Em outros países, os jogos de luta podem ser tratados como nicho de entusiastas. Em alguns países, como a Coreia do Sul, os jogos de luta são populares, mas não são tão populares quanto jogos de tiro ou MOBAs.

O gênero de jogos de luta ainda é um nicho, mas está crescendo em popularidade. O crescimento dos eSports e a acessibilidade do gênero estão ajudando a atrair novos jogadores.

Nos próximos anos, é provável que o gênero de jogos de luta continue a crescer em popularidade. A cena competitiva de jogos de luta também deve crescer, à medida que mais jogadores se interessam pelo gênero.

Aqui estão algumas tendências que podem ajudar a impulsionar o crescimento do gênero de jogos de luta:

Na Ásia, os gamers japoneses são muito diferentes dos sul-coreanos, mesmo que sejam vizinhos. A Coreia do Sul é o berço dos eSports, mas jogos de luta nunca foram grandes por lá. Me lembro quando o grupo Cafe id fez sua grande estreia em King of Fighters XIII, em 2012, e todo mundo achava que eles tinham uma cena ativa por lá. Não só eles eram a vanguarda do jogo por lá como também praticamente eram toda a cena competitiva de lá, um grupo muito apaixonado.

A China é o único outro lugar comparável à América Latina onde King of Fighters é uma religião. No Brasil, KoF 2002 é quem domina. Por lá, King of Fighters 98 é um eSport e KoF 97 é o jogo do coração de todos. O campeonato chinês de KoF 97 tinha quase o dobro das finais do EVO. É insanamente gigante. Jogadores como Xiao Hai são na China como Daigo no Japão, ou seja, garoto-propaganda com aparições frequentes na TV e em comerciais.

Furando a bolha

A experiência dos jogos de luta pelo mundo varia bastante. Isso se deve a uma série de fatores, incluindo:

Jogos de luta ainda não saíram da bolha, em geral”, afirmou Gonzalez. Segundo o representante, é um estilo de jogo sustentado por apaixonados e saudosistas, que são uma demografia cada vez mais velha e sem tempo para realmente se dedicar ao cenário.

A comunidade fiel e apaixonada sempre estará com você, eles sempre comprarão o jogo, mas não há como crescê-la com o tempo. As pessoas na metade dos 30 anos ou na casa dos 40 anos – que são a faixa etária que frequentava fliperamas – são tão atraídas por jogos de luta que nunca pararam de jogar o gênero até serem forçadas a parar pela vida. 

São jogadores que não param com jogos de luta porque ficaram entediados, mas sim porque querem manter um nível de habilidade e competitividade, mas a vida não dá espaço para que eles se dediquem a isso. Esse é o principal motivo pelo qual as pessoas largam jogos de luta. Assim, se você quer ter algo de sucesso, é preciso fazer produtos para gente nova.

Essa é uma tendência que tem sido observada em jogos de luta recentes. Os desenvolvedores estão percebendo que é preciso tornar os jogos mais acessíveis para atrair novos jogadores.

As opções de controles simplificados e os tutoriais compreensivos são uma forma de tornar os jogos mais fáceis de aprender. Eles ajudam os jogadores novos a entender as mecânicas básicas do jogo e a começar a jogar rapidamente.

Essas medidas são importantes para o crescimento do gênero de jogos de luta. Elas podem ajudar a tornar os jogos mais populares e atrair uma nova geração de jogadores.

Além das opções de controles simplificados e dos tutoriais compreensivos, os desenvolvedores também estão adotando outras medidas para tornar os jogos de luta mais acessíveis. Por exemplo, alguns jogos estão oferecendo modos de história ou campanha que são mais fáceis de jogar.

Essas medidas mostram que os desenvolvedores estão comprometidos em tornar os jogos de luta mais acessíveis e atraentes para um público mais amplo.

Conciliar gerações não é desafio fácil, especialmente pela linguagem dos jogos de luta. “Jogos de luta são um produto de seu tempo, feitos para atrair os jovens nos anos 90”, ressalta Gonzalez. “O que os jovens de hoje acham atraente nos dias de hoje é diferente.

Sabemos que os jogadores old school são apaixonados por nossos jogos. É graças a eles que conseguimos estar onde estamos.

Claro que temos uma comunidade que valoriza e ama nosso trabalho, mas o desafio é atrair gente mais nova, o que é especialmente difícil com jogos de luta. É um gênero que vai contra muitas coisas que são consideradas divertidas pelos mais novos.

o representante da SNK, Nicolas Gonzalez, afirma que a empresa está tomando medidas para atrair os mais jovens para o gênero de jogos de luta.

Uma das medidas é garantir fácil acesso aos clássicos do passado. A SNK relançou a franquia King of Fighters nos consoles atuais, com boas opções de modos online. Isso permite que os jogadores mais jovens experimentem os jogos que fizeram a SNK famosa.

Outra medida é olhar para as ótimas adições de Mortal Kombat 1 e Street Fighter 6. Esses jogos oferecem conteúdo para veteranos e casuais. Por exemplo, Mortal Kombat 1 oferece um modo história que é acessível para jogadores novos, enquanto Street Fighter 6 oferece um modo de treinamento que pode ajudar os jogadores a aprender as mecânicas do jogo.

Gonzalez acredita que essas medidas ajudarão a SNK a atrair novos jogadores para o gênero de jogos de luta.

Aqui estão algumas outras medidas que a SNK pode tomar para atrair os mais jovens para o gênero de jogos de luta:

  • Criar novos personagens e histórias que sejam atraentes para os jovens.
  • Adotar um estilo de arte e design que seja mais moderno e atraente para os jovens.
  • Promover os jogos de luta em plataformas de mídia social e streaming.

A SNK está tomando medidas positivas para atrair os mais jovens para o gênero de jogos de luta. Com o tempo, essas medidas podem ajudar a tornar o gênero mais popular e acessível.

É incrível como Mortal Kombat sequer precisa do Japão para ser o jogo de luta mais vendido das últimas gerações. Todos deveriam aprender algo com isso”, reconheceu o representante.

Se queremos ficar à altura, precisamos garantir que nosso próximo grande lançamento, Fatal Fury: City of the Wolves, siga esse padrão e ainda tenha nossa personalidade. Sabemos o que precisa ser feito, mas temos que encontrar nossa forma única de apresentá-lo.

Fatal Fury: City of the Wolves foi anunciado pela SNK em agosto de 2022, mas ainda não tem data de lançamento. O jogo é um remake do clássico Fatal Fury 3: Real Bout, lançado para arcades em 1995.

O jogo segue a história de Terry Bogard, Andy Bogard e Joe Higashi, três amigos que lutam contra Geese Howard, um poderoso empresário que controla a cidade de South Town.

O remake apresenta gráficos atualizados, novos movimentos e um sistema de combate renovado.

Enquanto isso, King of Fighters XV, o mais recente jogo da franquia, continua a receber atualizações recorrentes. A última atualização, lançada em outubro de 2023, adicionou três novas pistas e uma nova Copa.

O jogo está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X/S e PC.

É possível que a SNK esteja esperando o lançamento de King of Fighters XV em todas as plataformas antes de lançar Fatal Fury: City of the Wolves. Também é possível que o jogo esteja enfrentando atrasos de desenvolvimento.

De qualquer forma, os fãs de jogos de luta da SNK estão ansiosos para ver o que a empresa tem reservado para Fatal Fury.

O game King of Fighters XV terá um campeonato internacional realizado na cidade de São Paulo, entre os dias 24 e 26 de novembro de 2023.










Via : https://jovemnerd.com.br/nerdbunker/king-of-fighters-entrevista-nicolas-gonzalez-bgs/

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